Em missa, Padre Lúcio André Pereira é enviado para missão na Amazônia

Em missa, Padre Lúcio André Pereira é enviado para missão na Amazônia

Por: Rubens da Cruz

No domingo, 31, Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, MSC, Bispo Diocesano de Registro, presidiu na Catedral São Francisco Xavier, na cidade de Registro (SP), a Santa Missa do 4º Domingo do Tempo Comum, com benção de envio missionário do Padre Lúcio André Pereira, pertencente ao clero da Diocese. Com viagem marcada para o dia 24 de fevereiro, Padre Lúcio realizará trabalho missionário, pelos próximos três anos, na Diocese de São Gabriel da Cachoeira, no Estado do Amazonas. O sacerdote vai integrar o Projeto de Colaboração Missionária entre os Regionais Sul I (Estado de São Paulo) e Norte I (Estados de Amazonas e Roraima), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

No início da Celebração Eucarística, o casal César e Rosani Campos, integrantes do projeto missionário realizado em Pemba (África), procederam a leitura de uma carta da Presidência do Regional Sul I da CNBB, dirigida à Dom Manoel por ocasião do envio do Padre Lúcio André à Amazônia. A carta, assinada por Dom Pedro Luiz Stringhini, Dom Edmilson Amador Caetano e Dom Luiz Carlos Dias, recorda que “Pe. Lúcio explicitou sua firme disposição de trilhar a via da missão, como também, a consciência das dificuldades a serem enfrentadas. Para seu encorajamento, mais uma vez recorremos a palavras iluminadoras do Papa Francisco: ‘O missionário não tem medo das limitações, não desanima diante do joio, não lamenta nem olha o lado negativo. Isso é possível se o missionário for pessoa de oração, de vida interior, de mística e espiritualidade’”.

Tratando dos desafios a serem enfrentados na missão, a Presidência afirma que “é oportuno citar a necessária inculturação na região da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, terra com maciça presença de irmãos e irmãs indígenas. Pe. Lúcio chegará em um momento de particular sofrimento e dor da população amazonense, às voltas com os efeitos devastadores da atual pandemia e descaso para com a saúde de seu povo, de um governo ineficaz e insensível. 

Ao saudar os presentes na Celebração Eucarística, Padre Lúcio reafirmou seu antigo desejo de colocar seu “ministério sacerdotal a serviço de uma Igreja que realmente precisasse de padres. Não que aqui não precise”, continuou, “mas meu espírito missionário falava e ouvia o clamor de muitas dioceses e paróquias que não tem padres”. 

Sobre o trabalho missionário que desempenhará na Diocese de São Gabriel da Cachoeira, Padre Lúcio afirmou não saber exatamente como será, porém, lembrou que na juventude já trabalhou como “garçom, servente de pedreiro, já ajudei meu pai na pesca, puxando calão de rede. Então, que tipo de missionário quero ser junto ao povo de São Gabriel da Cachoeira? Um missionário ‘garçom’, que serve as mesas para que o povo esteja bem alimentado da alegria do Evangelho. Um missionário ‘servente de pedreiro’, que não deixa faltar massa na caixa para que o povo e as comunidades que encontrarmos, assentem o tijolinho da esperança dia após dia. Um missionário, como ‘aquele que pega no calão da rede’, não como pescador principal, mas como aquele que ajuda a puxar a rede. Um missionário para estar junto com os outros missionários que lá estão, ajudando Dom Edson em tudo aquilo que ele precisar”. 

Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, que já realizou missões por inúmeras vezes na Diocese de São João da Cachoeira, ainda como superior provincial da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração, recorda que a Diocese “tem o tamanho do Estado de São Paulo, já na divisa do Brasil com a Colômbia e tem uma população 90% indígena”. 

Ao concluir a homilia, instantes antes de conceder a benção missionária e impor a cruz sobre o clérigo, o Bispo comentou a realidade missionária que Padre Lúcio encontrará: “o senhor vai para uma missão diferente! Uma diocese onde o padre, em alguns lugares vai a cada ano, a cada dois anos... aqui temos o padre sempre! Quando o padre vai, batiza, assiste casamento, atende confissões dos indígenas, celebra a Eucaristia, faz tudo na comunidade, porque tudo é muito distante e quase não vão padres. O Padre fica na aldeia, anima os indígenas, convive com eles, prova da sua comida, dos peixes que eles pescam. É uma missão diferente, mas há um encanto nos olhos daqueles indígenas, há uma busca de Deus naqueles indígenas. O senhor que procura ouvir a voz de Deus, vai levar essa voz de Deus para nossos irmãos”. 

Representando o Conselho de Presbíteros da Diocese de Registro, o Padre Thiago Roberto Leon Ouriques, Pároco na cidade de Pedro de Toledo, afirmou “é um orgulho, que um irmão nosso parta em missão, vá para terras distantes, mais sofridas do que as nossas e encare com coragem os desafios que vão aparecendo e que alguns já conhecemos. O senhor leva um pouco de cada um de nós na sua missão e, certamente, àqueles que terão a alegria de participar do seu ministério, na sua dedicação e no zelo sacerdotal que sempre demonstrou, vão também encher de orgulho e alegria a nossa diocese”. 

Ao final da celebração, respeitando os protocolos de saúde, Padre Lúcio recebeu o carinho de dezenas de fiéis provenientes das Paróquias de Sant’Ana (Pedro de Toledo), Catedral São Francisco Xavier (Registro) e Nossa Senhora do Rocio (Iguape), onde teve a oportunidade de desempenhar seus 15 anos de ministério: “escrevi 15 capítulos junto com a Diocese de Registro, junto com o povo de Deus aqui da nossa diocese. Agora, abro um parêntese e, por três anos, escreverei três capítulos diferentes de uma nova experiência, de uma nova realidade, com as dificuldades que virão, com os espinhos que a gente terá que sentir na carne, mas com certeza colheremos frutos muito bonitos desse tempo, colheremos muitas rosas perfumadas”, afirmou padre Lúcio.