Hipoteticamente falando: Que modelo de Igreja oferecemos?

Hipoteticamente falando: Que modelo de Igreja oferecemos?

Por: Pe. Alessandro Silva Nascimento

A mensagem do papa Francisco para o dia mundial das missões nos recorda que devemos ser “uma Igreja em saída”.
O papa afirma que ainda hoje, há tanta gente que não conhece Jesus Cristo. Ele nos lembra que ir ao povo é missão de todos os chamados. Mas realmente Deus espera que saíamos? Devemos estar cientes, que não é fácil sair de nossa segurança, de nosso mundo precioso, e  passar do nosso refúgio garantido para uma vida de doar-se, conhecer e solidarizar-se. Somos naturalmente impelidos a fazer de conta que não sentimos, ou ouvimos a voz desse chamado. Como se fosse algo distante de nossa realidade ou ainda como o jovem rico (Mateus 19, 16-26), estamos ocupados demais com os nossos sonhos pessoais e compromissos e assim não entramos na barca com Jesus, não pescamos e logo não evangelizamos. Mas o questionamento pode ser ampliado hipoteticamente: Se somos chamados realmente e considerando que aceitemos: que modelo de Igreja oferecemos?
Nesse caso iremos e falaremos de nossa experiência, de modo que outros nos seguirão, mas temos algo a oferecer?  Sabemos que nesse tempo muito são os líderes que atraem para si, de maneira personalizada, aqueles que desejam conhecer um Deus que facilite o caminho, que resolva todos os problemas, que cure todas as feridas, que mostre que segui-lo é uma dádiva. Estar com Ele significa assim, a garantia de bens e estrutura para manter-se financeiramente estável, com saúde e bens em abundância. Por consequência, qualquer lugar que não tenha ou ofereça essa segurança e estrutura, logo não pode ter Deus.
Desse modo, aquele que hipoteticamente partiu, não vê, ele mesmo, nada para oferecer em contrapartida, e triste percebe que falar e apresentar Jesus é empolgante, mas mostrar onde ele se revela, o lugar onde crescemos e aprendemos a ser comunidade, pode ser tarefa frustrante. Estamos reunidos, mas ainda não fizemos uma verdadeira experiência de discípulos missionários. Não partilhamos naturalmente. Não ouvimos ou deixamos de proclamar a Palavra pela qual Deus nos fala! Não temos vida quando celebramos, estamos desanimados, inertes, não ousamos!
Não conhecemos uns aos outros, e dessa forma, como posso inserir outros nesse grupo de desconhecidos?
Por fim ficamos aliviados quando deveríamos estar estremecidos com a palavra missão, pois constatamos que pensávamos e falávamos hipoteticamente… pois ainda não saímos!