Palavra do Pastor: Quaresma e jejum.

Palavra do Pastor: Quaresma e jejum.

O objetivo essencial da Quaresma é o de preparar bem a festa da Páscoa. Ela é o centro do Mistério de nossa salvação. Por isso, a Quaresma bem vivida, nos leva a uma verdadeira conversão em vista da festa pascal. Na Quaresma, a exemplo de Jesus, que esteve no deserto durante quarenta dias e quarenta noites (Mc 1,15), o cristão, através do jejum, da abstinência de carne e da caridade, também enfrenta o deserto da vida, lutando para vencer as tentações, na conversão do coração e na crença cada dia mais no Evangelho.
A Igreja pede que todo católico jejue pelo menos na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão. São dois dias que o católico com saúde e não idoso, deve se colocar inteiramente em atenção às coisas de Deus. Nada impede que em outros dias de quaresma o cristão faça seu jejum. Mas, para que jejuar?
1) O jejum tira de nós o orgulho e nos mostra que somos limitados, fracos e dependentes de Deus. Ele nos aproxima de Deus e nos faz experimentar que precisamos da ajuda Dele para viver.
2) O jejum nos torna mais solidários com as pessoas que sofrem ou passam fome. Quem nunca passou fome ou nunca jejuou, não sabe a dor e o vazio de estar sem o alimento necessário.
3) O jejum nos torna mais livres, mais desapegados das coisas terrenas e nos ensina que é possível viver com o pouco que temos, que não precisamos buscar muitas coisas para nos tornarmos felizes. Basta estar em Deus, tendo o necessário para viver.
4) O Jejum nos ajuda a olharmos para dentro de nós. Contemplar nossa solidão, nosso vazio interior, nosso desamparo e nossos limites. Isso nos leva a confiarmos mais em Deus e Dele recebermos a força necessária para viver.
5) Diz Alselm Grun: “O Jejum purifica o corpo. Livra-o da carga excessiva. Suprime as celular envelhecidas e doentes e estimula o desenvolvimento de células novas”. E, continua dizendo, que “para os primeiros cristãos, o jejum era o modo de alguém se colocar em seu próprio deserto e atravessá-lo com Cristo, para, assim como Israel, chegar à terra prometida”.
A Quaresma deve ser para nós um tempo de estruturar a nossa vida humana e cristã. Tempo de provar nossas convicções, mas também de muita proximidade com Deus, como o foi para o povo no deserto.
Sei, por experiência, que não é fácil jejuar. Mas, também sei que vale a pena fazer o jejum do corpo para tornarmos mais atentos, às coisas de Deus, às suas próprias necessidades e a dos irmãos. O jejum nos torna mais humanos, no verdadeiro sentido da palavra.
Se você está diante de algum demônio (mal, pecado, conflito, …) que não consegue vencê-lo, tenha certeza de que a oração e o jejum são as armas mais fortes para derrubá-lo (Mt 17,21). Faça a experiência e verá o resultado. Depois me conte.
Desejo a você boa Quaresma e que Deus acompanhe os seus passos!

Dom Manoel Ferreira dos Santos Junior, MSC
Bispo Diocesano de Registro