Teologia da Criação: Humano e a Casa Comum. Reflexões sobre o Sínodo da Amazônia.

“…E Deus contemplou toda sua obra, e viu que tudo era bom…” (Gn 1,31)

Com estas palavras do livro do Gênesis apoio minha reflexão sobre a temática do Sínodo para a Amazônia. Quando falamos de criação é necessário que nossa perspectiva não se feche na concepção de que isto é um assunto que gira somente em torno do ser humano; desta maneira é preciso que nosso pensar compreenda esse termo de uma maneira integral, a mostrar que as diversas obras feitas pelos carinhos divinos são partes vivas da criação.
Não é de hoje que a Igreja se coloca a pensar sobre a criação, visando: o cuidado com o ser humano, o meio ambiente e a ecologia, a natureza num todo. Todos esses princípios dão vida à teologia da CASA COMUM, tão falada por Francisco. Desde o Concílio Vaticano II a Igreja vem propondo um olhar de renovação para suas estruturas e métodos de ação. Hoje Ela pede um aggiornamento emergencial em relação à casa comum.
Ao entender a realidade em que se encontra região PAN-AMAZÔNICA o Santo Padre, Francisco, anuncia no dia 15 de outubro de 2017 o sínodo, fazendo uma reflexão sobre os cuidados a serem tomados para identificação de novas rotas de evangelização neste Locus Teológico presente na América Latina.
Sabemos que cada povo no seu modo de viver traz elementos próprios sendo eles: culturais, raciais, locais e místicos. Na ótica eclesiológica esses princípios também são fundamentais para que a evangelização dos povos aconteça. Ao olharmos para o cenário amazônico presente não somente no Brasil, mas estando espalhado por oito países, é necessário um repensar das estruturas (ou métodos) da ação evangelizadora, levando em conta as comunidades tradicionais que por séculos fazem deste lugar suas moradas e extensão de suas vidas.
O sínodo do se baseia em CONHECER as riquezas dos biomas espalhados pela região amazônica e a diversidade de etnias que habitam essas localidades, em principal os indígenas, que ali doam suas vidas como uma oblação do seu ser em defesa da terra e dos dons dados pelo excelso Deus a sustentar seus sonhos e esperanças. Também conhecer os desafios que existem nestas regiões em relação a difusão do anúncio de Cristo.
Conviver também é um passo a ser dado, justamente para compreender o modo de ser de cada povo e nele ter bases para trilhar os planos de atuação. É missão do cristão DEFENDER o seu povo das ameaças, das injustiças, das torturas e das escravidões, portanto o sínodo tem por sua essência (como é a tradição da Igreja de Cristo herdada pelos apóstolos) o ser profeta, rompendo com o indiferentismo, o desrespeito, o egoísmo dando a todos direitos e qualidade de vida. Alguns elementos que contribuem para o estudo e atuação da Igreja neste ambiente são:
O território: o espaço que compõem a região amazônica é preenchido por uma pluralidade de ambientes e climas, numa gama de realidades geográficas. Ao analisarmos este extenso e precioso lugar, vemos que um elemento que une todos os contextos desta realidade é a água, sendo assim este é um eixo de conexão entre os povos e culturas ali presentes.
A diversidade cultural: é sem dúvidas uma das riquezas existentes dentro da região amazônica, a maneira de se viver usando os meios de sobrevivência (caça, pesca e cultivo dos alimentos) dão rosto ao estilo de vida lá existente. O fortalecimento desses grupos se dá no ambiente de caráter diversificado assim sua fé tem novo sentido a transformar suas vidas por meio da cultura onde vivem, expressando sua fé no sagrado pela mística das múltiplas erudições.
Tempo da graça: o sínodo numa perspectiva teológica traz para a região amazônica um tempo forte de Kairós, a perceber a ação de Deus atuante no meio do povo, faz-se uma recordação bíblica do povo da aliança que estava no Egito quando o escuta os gemido dos seus e se debruça sobre suas dores e angústias. A saudação “Ele está no meio de nós” presente em cada ação litúrgica a expressão viva de Deus que é junto do seu povo, trazendo esperança e alegria as populações estão fragilizadas daquele lugar, dando suporte para que renovação eclesial aconteça e para que os desafios sejam apoiados para o bem da diversidade das massas ali existentes tenham êxito.
Diálogo: ir ao encontro do diferente é uma expressão rica de sentidos, pois a construção do entendimento se dá justamente no conceber valores e assim as mudanças podem ser tomadas. Este sínodo é chamado a dialogar com todo o contexto geográfico pan-amazônico em relação a missionariedade e com os povos existentes nas localidades abrangentes.

Por: Rafael Braga