Três anos de missão Diocesana

Três anos de missão Diocesana

No dia 21 de julho, este indigno servo faz três anos de ordenação episcopal. Anos de bençãos e de graça para minha vida e, creio que, para a Diocese de Registro. Desde quando fui chamado, tenho sempre a consciência, na mente e no coração, de que sou apenas um instrumento frágil do amor de Deus. Foi Ele quem me chamou e enviou para esta missão, portanto, a obra é Dele e Ele a conduzirá. Procuro fazer a minha parte, com muita humildade, mas ao mesmo tempo com muita dedicação.

Não fui treinado para ser bispo, nem reparava como um bispo se porta nas celebrações e não sabia nada a respeito do uso das insígnias que os bispos usam nas celebrações. Fui sim, provincial: sabia administrar uma congregação, o que, de certo modo, não é tão diferente de uma Diocese.

Quando fui nomeado para Registro, tinha no coração a confiança de que era um chamado de Deus e por isso deveria dizer sim. Confesso que fiquei feliz por continuar perto de minha terra.

Nestes três anos de missão, percebo que demos grandes passos como Diocese, e como disse um padre nestes dias, buscando o equilíbrio na missão. Pontuo alguns aspectos em que acredito termos crescido. Lembro ainda, que conseguimos dar esses passos com a contribuição de todos, os presbíteros, diáconos, religiosos, seminaristas, leigos, funcionários e bem feitores, que atuam em nossa Diocese.

1) Espiritualidade e mística: temos insistido no crescimento da espiritualidade, tanto do clero, quanto dos leigos. Sem ela, perdemos o sentido de viver e de seguir Jesus Cristo. Temos incentivado as orações e retiros para que o clero e o povo se aprofundem na experiencia de fé.
2) Formação permanente ou continuada: apesar deste tempo de pandemia, não paramos de dar formação ao clero e aos leigos, de maneira presencial ou pelos meios remotos. Sabemos que a formação é fundamental para a evangelização;
3) Formação inicial: com grande alegria, aumentamos o número de vocacionados à vida sacerdotal em nossa Diocese. Temos procurado investir na pastoral vocacional e acompanhar aqueles que nos procuram ou que já estão conosco. Temos valorizado a formação, mantendo uma linha de compromisso com a formação integral de nossos seminaristas e ao mesmo tempo incentivado os seminaristas a assumir a missão no compromisso com a vida humana. Fazemos isso, através de um acompanhamento de perto, pelo formador e pelo bispo.

4) Economia da Diocese: Para evangelizarmos, precisamos de condições econômicas que nos ajudem a termos os instrumentos da evangelização. Diante disto, fizemos um projeto econômico e conseguimos otimizar nossos patrimônios, de forma a nos estabilizarmos, tendo como meta ajudar a Diocese a exercer a sua missão. Recentemente, adquirimos terrenos na periferia e uma casa paroquial para a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Registro e reformamos o prédio da nova cúria e outros prédios que estavam deteriorados.

5) Diáconos permanentes: preparamos e ordenamos seis diáconos permanentes para nossa Diocese. O grande objetivo é cumprir as orientações do Vaticano II e ao mesmo tempo, colocar a vocação diaconal a serviço da Diocese;

6) Encontro de Casais com Cristo (ECC): para valorizar a vocação à família, fizemos o primeiro encontro de casais em nossa Diocese. Queremos continuar com esta missão, valorizando o sentido da família e o sacramento do Matrimônio;

7) Tribunal Eclesiástico: também com o objetivo de valorizar os sacramentos da Eucaristia e do Matrimônio e ao mesmo tempo ser sinal de misericórdia para as famílias. Com a aprovação e instalação do Tribunal valorizamos a nossa própria Diocese;

8) Visitas Pastorais: o ponto alto de minha missão foram as visitas pastorais, onde pude conhecer mais de perto o povo da Diocese e ao mesmo tempo ser conhecido. Pude visitar as escolas e animar as comunidades, além de orientá-las para uma missão comum diocesana; por causa da pandemia, não consegui visitar a todas.

9) Plano de Pastoral provisório: elaboramos um plano de pastoral para o tempo de pandemia. Tudo é muito recente, mas nosso objetivo é que dê frutos para a missão;
10) Acompanhamento dos padres em dificuldades: não medimos esforços para acompanhar padres que passaram por dificuldades de saúde, dando-lhes atenção e enviando-os para acompanhamento médico, quando necessário;

11) Transferências e nomeações dos padres: com o objetivo de servir melhor as comunidades e ajudar os padres a começarem novas missões, fizemos diversas transferências. Tem o se lado positivo, porém também aparecem as dificuldades próprias das mudanças. Em quase todas as Paróquias temos dois padres para atender o nosso povo. Em grande parte das paróquias temos seminaristas que ajudam na missão paroquial;

12) Nova Área Pastoral: nosso objetivo é formar mais paróquias a fim, de forma que possamos atender melhor as periferias das cidades;

13) Acolhida dos Servitanos e de dois padres diocesanos: com o objetivo de termos um maior número de padres nas paróquias, fazemos a experiência de acolher dois padres de outras dioceses e também o instituto religioso Missionários Servos do Senhor (Servitanos);
14) Comunicação: Nestes três anos, procuramos fazer a nossa Diocese mais conhecida, através da Pascom e de participação nas tvs (Aparecida, Rede Vida, TV Gazeta, RedeTv e TV Globo). Organizamos e animamos a Pascom de nossa Diocese e procuramos fazer mais conhecida a devoção ao Bom Jesus de Iguape;

15) Preocupação com os pobres: Em todos os momentos possíveis e necessários, conseguimos dar atenção aos moradores de rua, aos indígenas, aos caiçaras e quilombolas. Estivemos sempre atentos para animá-los e encorajá-los; distribuímos cestas básicas para as famílias necessitadas; trouxemos o CIMI para a Diocese para ajudar as comunidades indígenas;

16) Envio Missionário do padre Lucio: Com a graça de Deus, nossa Diocese que sempre recebeu missionários, conseguiu enviar um missionário para São Gabriel da Cachoeira;
17) Organização de toda parte jurídica: Conseguimos hoje ter o conhecimento e acompanhamento de todos os processos jurídicos;

18) Organização da contabilidade: Hoje temos o conhecimento de todas as entradas e saídas contábeis. Estamos bem organizados;

19) Organização documentais dos patrimônios e terrenos de nossa diocese: iniciamos um trabalho que nos possibilita ter noção de todo o patrimônio que a Diocese dispõe, o que nos traz mais segurança para planejar e exercer a missão;

20) Formação permanente de mestrado: continuamos a investir da formação de um mestre em Direito Canônico.

21) Curso de teologia para leigos: apesar da pandemia, os leigos de nossas Paróquias e Comunidades, continuam a receber formação teológica na modalidade virtual. Contamos com mais de cem alunos, inclusive, contando com uma “extensão”, criando-se o quarto e o quinto anos;

22) Revisamos o Estatuto da Diocese: Com o objetivo de ser mais clara a nossa missão diante da sociedade civil;

23) Secretários(as) paroquial: Treinamos os secretários paroquias e nos reunimos diversas vezes para que estejam mais preparados para a missão de acolher as pessoas e resolver os problemas das secretarias paroquiais;

24) Revisão das Diretrizes: Revisamos as Diretrizes internas, (CAED, CAEP, CPP, CPC), para ajudar nossas comunidades a se organizarem;

25) Orientação para Batismo: Revisamos as orientações para o batismo em nossa Diocese.

26) Iniciamos a infância Missionária: algumas paróquias conseguiram implantar a Infância missionária. Mas com a pandemia não conseguimos dar continuidade.

 

Dentre tantos ganhos, também podemos elencar algumas perdas:

1) Saída das Irmãs: as irmãs Pastorinhas nos deixaram depois de mais de 30 anos de missão;

2) A morte de padres idosos: os padres Miguel e Pedro, baluartes da missão no início da Diocese, nos deixaram;

3) Padres enfermos: temos alguns padres com dificuldades e precisamos acompanhá-los. Penso que, pela pandemia, houve um certo distanciamento entre nós.

 

Três anos é uma etapa de conhecimento e de busca de novos caminhos, o que nem sempre é fácil. Agora começa uma nova etapa, que poderíamos chamar de implantação e aprofundamento dos objetivos. Precisamos:

1) Atitude missionária: encontrar maneiras de sermos, como Diocese, mais missionários, vencendo nossas acomodações;

2) Olhar para a Periferia: temos a meta de atender melhor as periferias. Com isso, poderíamos ter mais paróquias, dividindo a paróquia de São José Operário e Nossa Senhora Aparecida, em Registro, além de Nossa Senhora da Conceição, em Jacupiranga e Santo Antônio, em Cajati;

3) Investir na formação: É sempre preciso investir na formação de nossos padres. Quem sabe, num futuro próximo, mais padres possam fazer o seu mestrado, com o intuito de fortalecer o serviço ao povo de Deus;

4) Marcar presença no campo universitário: criação da pastoral universitária, para evangelizar a juventude estudantil;

5) Consolidar a economia diocesana: É precisa ter segurança na economia para poder abrir novas paróquias e ousar na missão da Diocese;

6) Investir na vocação de jovens pertencentes a Diocese: fortalecer a pastoral vocacional a fim de despertar em jovens da própria diocese o desejo de servir o Senhor;

7) Fortalecer a pastoral presbiteral: Acompanhar de perto a pastoral presbiteral para ajudar nossos presbíteros a caminharem com mais entusiasmo a missão.

8) Fortalecer as pastorais sociais: Ser presença de Igreja na defesa dos pobres;

9) Formar grupos missionários: que se reúnam nas casas para meditar a Palavra de Deus.

 

Registro, 20 de julho de 2021.

Dom Manoel Ferreira dos Santos Junior, MSC

Bispo Diocesano