Um grito de repúdio à guerra

Um grito de repúdio à guerra

por Pe. Luis Rodrigues Batista, C.Ss.R.

A pandemia nem sequer acabou e agora temos a guerra entre Rússia e Ucrânia. Novamente, a humanidade vai presenciar as consequências desses ataques, direta ou indiretamente. Perdas irreparáveis de vidas inocentes, destruições de sonhos para milhões
de pessoas, os retrocessos históricos das experiências bélicas em âmbitos mundiais, sobretudo, no século XX, como se de nada servisse a aprendizagem do ponto de vista humano. Ninguém sabe até onde irão chegar as ações dessa barbaridade ou a insanidade dos líderes que promovem essa desgraça. O mundo poderá ser diferente num curto espaço de tempo. Depois da guerra será, certamente, pior do que se encontra hoje.
Muitos opinaram que os sofrimentos e as mortes causadas pelo Coronavírus nesse período, que já dura dois anos, iriam modificar com radicalidade as condições humanas, o relacionamento entre as pessoas, o senso de limites; por consequência, o amor, a empatia,
a amizade social e a solidariedade entre nós. Mas o absurdo da guerra põe tudo a perder, novamente. As iniciativas internacionais que fazem em favor da paz e os representantes de cada país, teriam de repudiar com veemência esses atos.
O que menos importa nesse contexto de guerra é a vida das pessoas. Nada justificaria esses volentos atentados. Não podemos aceitar nem manifestar solidariedade aos promotores desses absurdos. Mas, indagando sobre o motivo da guerra, temos de procurar entender. O que fez desencadear essa atrocidade? A Ucrânia enche os olhos da Rússia, por que mesmo? A Europa e demais países, apoiadores ou contrários à Rússia, quais razões justificariam esse conflito? Em sã consciência, nenhuma. O que importa, verdadeiramente, é a vida das pessoas, o projeto comum de fraternidade universal. A guerra somente expõe a pobreza da condição humana marcada pela injustiça e negação dos direitos fundamentais.
A guerra expõe a pobreza da condição humana e torna o mundo pior do que a encontrou, é um fracasso da política interesseira e da humanidade, uma derrota diante das forças do mal. Por outro lado, faz-se necessário pensar no futuro comum e universal da humanidade, no sentido da vida e da história que construímos a cada dia. Qual o ponto de partida e o ponto que esperamos chegar? A guerra no momento já é uma realidade, deixando de ser uma teoria e precisamos pensar na dor das feridas, no sofrimento dos que pagam esses danos com a própria carne. O desafio maior é jamais deixar de acreditar no advento da paz.
O caminho a seguir será a solidariedade com aquelas pessoas, irmãos e irmãs nossos, que estão no alvo dos conflitos. A guerra tem um custo financeiro que é impagável: a vida da minha irmã e do meu irmão. Somente a partir dessa experiência verdadeira de fraternidade é que iremos, efetivamente, trabalhar pela paz, orar pela paz, desejar com ardor a paz que é fruto da justiça, das relações humanas novas e transformadas. É preciso que a humanidade seja parceira e busque a equidade com reta intenção da superação dos conflitos. O senso de
pertencimento ao todo – humanidade – nos compromete a cada dia para desinstalar esse hóspede que é a guerra no meio de nós.