Sinodalidade: Caminho de unidade rumo ao Cristo Senhor.

Sinodalidade: Caminho de unidade rumo ao Cristo Senhor.

Por Rafael Braga

A missão da Igreja diante do mundo é ser sinal visível e profético de Cristo. Dessa maneira, seus membros e organismos necessitam de uma força unificadora no que tange à fé e os seus desdobramentos, para que a unidade seja um reflexo da graça de Deus diante de todos. Em razão disso, o catolicismo, busca dentro das suas diversidades subjetivas o cultivo da união que congrega todos, rumo ao Cristo Senhor. 

O evangelista João, dentro da Oração Sacerdotal de Jesus (“Sejamos um para que o mundo creia” – Jo 17,21), retrata a ânsia de Cristo pela unidade da Igreja, a começar pela comunidade apostólica. Ao recordar esta perícope do quarto evangelho, ressaltamos que a vivência da união entre os irmãos conduz a comunidade à união com o próprio Deus. Em Paulo a unidade eclesial é entendida como um corpo (Ef. 4,1-6) com diversos membros; quando estão estes unidos, dão vida à Igreja pela ação e protagonismo do Espírito.

Uma das práticas mais antigas da Igreja é a sinodalidade. Ao estudarmos a composição deste termo, a partir de uma visão teológica, podemos perceber que se trata de um neologismo fundamentado em experiências advindas dos primórdios da fé e remonta a uma forma de alicerçar a unidade dos cristãos e o caminhar da Igreja. A palavra sínodo se origina de dois termos gregos: συνόδους [synódos = assembleia, reunião ou conselho] e ξοδος [hodós = caminho]. Assim sendo, a sinodalidade corresponde à busca de um caminho em conjunto, a partir do diálogo profundo, que gera respostas para o crescimento da Igreja.

Paulo VI, impulsionado pelo movimento de aggiornamento do Concilio Vaticano II, resgata um hábito do cristianismo primitivo: a ação colegial diante de questões próprias da Igreja. Iniciaram-se, a partir de então, os Sínodos, como uma nova forma de organizar a Igreja, manifestada por um conceito de “Igreja-comunhão”, sendo um contributo da universalidade eclesial para o ministério petrino. Com o Motu Proprio Apostolica Sollicitudo (1965), o sínodo dos bispos ressurge com o intuito de criar laços de unidade dentro da Igreja universal. 

Ao falarmos sobre sínodo, devemos nos atentar à sensibilidade que a Igreja possui em relação ao mundo, que se dispõe a ir em busca de “respostas” fora dos limites eclesiais, perscrutando as periferias existenciais onde se encontram os afastados e as fronteiras geográficas. Desta maneira, a Igreja acredita que todos possam contribuir com novas respostas aos novos desafios que se apresentam na contemporaneidade. 

Podemos, muitas vezes, reduzir o processo sinodal a um ideal democrático, que busca um consenso de todos para uma determinada questão. Porém, este movimento retrata um jeito de SER Igreja, na construção de um entendimento mutuo, visando a comunhão entre todos.

A práxis sinodal da Igreja se baseia em três passos:

Encontrar – O desejo de ir ao encontro de todas as realidades, a exemplo do Senhor que se encontra com a mulher cananéia, que não se importa por pertencer a outro povo, a outra cultura, e outra crença, mas se coloca numa postura de abertura àquela que é considerada diferente;

Escutar – O exercício da atenção e abertura a todos sem promover distinções. Com isso a Igreja refaz os passos do Cristo no caminho de Emaús: se coloca no meio dos povos para escutar os sofrimentos, dores e as angústias do mundo de hoje;

Discernir – O movimento de fazer análises, questionar, chegar a um consenso com atitudes de amor, sempre sob a luz do Espírito, pois Ele harmoniza as diferenças e conduz todos à unidade. 

A Igreja é um evento pneumático, sendo assim, para que o sínodo se realize com êxito, é indispensável que todos estejam abertos à ação do Paráclito, pois esta é uma das características da espiritualidade cristã. A Constituição Dogmática Lumen Gentium ressalta a importância do protagonismo do Espírito Santo na Igreja e na caminhada do povo de Deus: “O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo, e dentro deles ora e dá testemunho da adoção de filhos. A Igreja, que Ele conduz à verdade total e unifica na comunhão e no ministério, enriquece-a Ele e guia-a com diversos dons…” (LG. n. 4).À vista disso, a Igreja compreende que cada fiel é ungido pela força do Espírito Santo, e esta unção, impressa neles, os torna buscadores da unidade e os impele à procura e prática da sinodalidade.

Ao confirmar que cada batizado é um ser dotado dos dons do Paráclito, a Igreja ressalta a importância dos leigos dentro do mistério salvífico de Cristo, sendo eles testemunhas vivas e instrumentos da sua própria missão. De tal sorte que o leigo não pode ser apenas um receptor passivo das conclusões eclesiais, mas, por meio da dinâmica sinodal, o laicato é pensado como gerador de ação, que congrega e edifica a Igreja. Sem esse dinamismo a prática sinodal é infértil. 

Por fim, o sínodo convida todos a caminhar. [“Mas, caminhar para onde?…”]. Para o encontro de Cristo, tendo Ele como base do agir da Igreja, promovendo o bem por onde passarem seus discípulos, expressando o rosto da misericórdia de Deus diante dos sofrimentos humanos.  A identidade da Igreja é ser peregrina, andando nos passos do Senhor. O mais importante dentro do sínodo não é onde vamos chegar, mas sim o caminho que a Igreja–povo de Deus vai percorrer, em busca de um programa de vida para a catolicidade visando à fraternidade universal.

PROCESSO SINODAL DIOCESE DE REGISTRO SP.
Acesse o questionário para participar da primeira fase do Sínodo.
A sua participação é de suma importância.
Comunhão, participação e missão.

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