Solenidade de todos os Santos

Solenidade de todos os Santos

No dia primeiro de novembro celebramos a festa de todos os santos. Mas, para que o povo de Deus possa participar, a Igreja do Brasil, transfere esta festa para o primeiro domingo de novembro.

Celebramos todos os santos para dizer ao mundo que temos mais santidade do que pecado, temos mais pessoas santas, na humanidade, do que pecadores, temos mais o bem do que o mal. E para concluir que o mundo está nas mãos de Deus, e por isso, o bem e a santidade são maiores do que o pecado e o mal.

Há mais de vinte mil santos e beatos católicos reconhecidos oficialmente pela Igreja Católica através do processo de canonização, pelo modo como fizeram a vontade de Deus no mundo a ponto de, pela graça de Deus, merecerem esse reconhecimento por parte da Igreja, mas além desse número de santos reconhecidos oficialmente, existem milhões de outros santos que viveram neste mundo e muitos ainda vivem ao nosso lado.

Papa Francisco, em sua carta apostólica “Gaudete et exsultate”, nos ensina que ser santo é uma vocação para todos. Não só para o Papa, bispos e padres, mas todo fiel deve buscar um caminho de santidade. Nascemos para sermos santos. Escreve o Papa Francisco: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. A santidade é o rosto mais belo da Igreja. Mas, mesmo fora da Igreja Católica e em áreas muito diferentes, o Espírito suscita sinais da sua presença, que ajudam os próprios discípulos de Cristo”.

Continua o documento Gaudete e exsultate: “Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais”. Na Igreja encontraremos tudo o que precisamos para sermos santos, os Sacramentos, a Palavra de Deus, a vida de comunidade, a oração comum.

Há uma grande diferença entre perfeição e santidade. Todos podemos ser santos, mas, pela nossa natureza humana, nunca seremos perfeitos. “Confundir santidade e perfeição é condenar-nos à autocondenação, por perceber que somos limitados e imperfeitos. Passar desse sentimento ao de que a santidade não é para nós, é um pulo. Desistimos da santidade e condenamos nos à mediocridade na vida cristã”.

Qual a relação entre santidade, perfeição e pecado? Não há uma oposição radical entre santidade e pecado, podendo as duas realidades subsistirem simultaneamente na mesma pessoa. A própria Igreja se autodefine como santa e pecadora. Há incompatibilidade entre perfeição e pecado, pois não podemos ser simultaneamente perfeitos e pecadores. O pecado é imperfeição e a perfeição exclui necessariamente o pecado. Somos pecadores amados por Deus.

A santidade nos torna humildes, sabedores de nossas fraquezas, a perfeição nos torna orgulhosos, e o orgulho nos afasta de Deus. A busca de perfeição é humana, a de Santidade, divina, dom de Deus.

Neste mês de novembro, vamos procurar sermos mais santos, pois a santidade nos torna mais felizes. Porque o Senhor escolheu cada um de nós «para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor» (cf. Ef, 1).

Uma pergunta: como você poderá crescer no caminho da santidade?

 

Dom Manoel Ferreira dos Santos Junior, MSC

Bispo diocesano de Registro