“Somos chamados pelo Espírito do Senhor e ungidos para anunciar Boa Notícia aos humildes e para curar as feridas da alma”

Por: Rubens da Cruz

Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, MSC presidiu na manhã de sábado, dia 24, no Santuário Basílica do Senhor Bom Jesus, em Iguape/SP, a Missa do Crisma, com a bênção dos óleos sacramentais e a renovação das promessas sacerdotais. 

O clero da Diocese de Registro esteve unido ao seu Bispo Diocesano, Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, MSC, na manhã de sábado, dia 24, no Santuário Basílica do Senhor Bom Jesus, na cidade de Iguape, para a Missa do Crisma, que tradicionalmente acontece na Terça-feira Santa, mas neste ano foi remarcada em razão da pandemia de COVID-19.

Estiveram na Basílica do Bom Jesus, o Bispo Emérito de Registro, Dom José Luiz Bertanha, SVD, grande parte do clero diocesano e apenas algumas representações leigas de diversas paróquias, em razão das medidas de distanciamento social. A celebração foi transmitida pela Rede Diocesana de Comunicação. 

Essa celebração é assim chamada porque nela o bispo, reunido com o seu presbitério, consagra o óleo do Crisma. Abençoa, também, o óleo dos Catecúmenos e dos Enfermos. Além disso, há a renovação das promessas sacerdotais.

 

Um só corpo evangelizar em Cristo 

O Bispo, na homilia, manifestou sua alegria pela realização da Missa do Crisma, recordando que “é um dia especial para nossa Diocese, porque abençoamos os Santos Óleos. Especial para o Bispo, especial para o Clero que renova seus compromissos de viver em sintonia com a missão da Igreja, em sintonia com a nossa Diocese. Especial para os leigos e leigas que vivem em sintonia de missão com sua Igreja”. 

“Nos reunimos, em tempo de pandemia, para celebrar a Eucaristia e fortalecer-nos na unidade. Como Igreja da Diocese de Registro, formamos um só corpo evangelizador em Cristo. O Bispo não é mais importante que os padres, e nem o padre que os leigos: todos somos importantes, embora com funções diferentes, para formarmos a unidade do Corpo de Cristo”, afirmou. 

Comentando o atual momento, Dom Manoel lembrou aos que participavam da celebração que “o corpo de Cristo está em nossas comunidades, em todas as celebrações, em todas as pessoas que vivem a fé. Hoje o Corpo de Cristo está sofrendo em tantos irmãos e irmãs, vítimas do coronavírus, está em seus familiares que sofrem pela dor da perda de seus entes queridos, está em tantos que estão lutando nos hospitais para salvar a vida das pessoas. O corpo de Cristo está tem tantos desempregados, em tantos famintos por causa do sistema econômico, político e da pandemia que estamos vivendo.  Quando parte do corpo místico de Cristo sofre, todos nós sofremos”.

Concluindo, recordou que a “Eucaristia é o momento de rezarmos por tantos sofredores, por tantas vítimas, por tantos irmãos e irmãs que fazem parte do Corpo de Cristo, fazem parte do nosso corpo e que nós estamos em sintonia de oração”.

 

Sinal de Esperança e Fortaleza 

Dirigindo uma palavra aos sacerdotes presentes, Dom Manoel lembrou que diante dos tempos difíceis de pandemia, os sacerdotes são “médicos das almas. Por isso, neste tempo, tivemos que superar nossos medos, nossas dores, nossas tristezas e nossos vazios, e ser para o povo de Deus, sinal de esperança e fortaleza, mesmo quando nossas forças estavam chegando ao fim. Somos humanos, como todo o povo de Deus, temos as mesmas dores, os mesmos medos, os mesmos sofrimentos, porém carregamos em nós a graça do Sacramento da Ordem”. 

Reforçando a coragem que precisa guiar o ministério sacerdotal, o Bispo de Registro afirmou aos padres que “pela ordenação temos a ‘graça de estado’, para servir em nossa fraqueza, aqueles que buscam em nós a fortaleza”. Porém, disse que isso não é suficiente, sendo necessário que cada sacerdote busque sempre o “estado de graça”, buscando de forma constante a santidade, num grande esforço para “vencermos o pecado e todo o mal”: “não desanimemos, busquemos a ajuda no clero, nos bispos, nos sacramentos da Igreja e na Palavra de Deus”, exortou.

Anunciar Boa Notícia e curar as feridas da alma

Comentando os trechos bíblicos propostos na Liturgia da Palavra própria para a Missa Crismal, Dom Manoel recordou “somos chamados pelo Espírito do Senhor e ungidos para anunciar boa notícia aos humildes, para curar as feridas da alma: quanta gente ferida, inclusive nós! É preciso que vivamos essa missão de curar! Quanta gente cativa, aprisionada: somos chamados a anunciar um tempo de graça. Somos chamados a levar o óleo da alegria, ao invés da aflição!”.

 

Espírito de oração e caridade

Dirigindo-se, ainda, ao clero atuante na Diocese de Registro, o Bispo pediu aos padres um especial “espírito de oração e caridade”, como “maior serviço que podemos oferecer ao nosso povo em tempos de pandemia”. 

“Além da oração de cada dia, que é a Liturgia das Horas, peço que os padres rezem diariamente a Santa Missa em favor do povo de Deus e para a sua própria santificação. Temos em nosso corpo e em nossas mãos os dons de transformar o pão e o vinho em Corpo de Sangue de Cristo”, disse Dom Manoel. E concluiu: “Trazemos nas oferendas os frutos do trabalho humano, da luta, do suor, das dores, do povo de Deus. Por isso, rezar todos os dias a Santa Missa”. 

 

Valorização dos Padres 

“Ao povo peço que valorizem os presbíteros que vocês têm. Entendam que nesse tempo de pandemia, os padres também tem medo, também tem seus sofrimentos. Acolham e animem nossos padres, sobretudo rezem por nossos padres, estejam presentes em suas vidas”, enfatizou Dom Manoel. 

 

Renovação das promessas sacerdotais

Após a homilia, todo o clero realizou a renovação das promessas sacerdotais feitas no dia da ordenação. Com essa renovação diante do Bispo e do povo de Deus, os clérigos manifestam o desejo de se unir cada vez mais a Jesus Cristo e empenhar-se na realização da sua missão.

 

Saudação do Clero ao Bispo Diocesano 

Representando o clero diocesano, o padre Thiago Roberto Leon Ouriques, coordenador Diocesano de Pastoral, dirigiu palavras de agradecimento a Dom Manoel.

“Agradecemos por ser presença junto ao nosso povo, nosso grande tesouro. Obrigado por não se intimidar se a chuva chega repentina, se a lama lhe suja a barra da batina, se os insetos vêm deixar marcas, se os acessos se mostram árduos. Por ir ao encontro do povo em quilombos, aldeias, ilhas, campo e cidade. Obrigado, porque cada visita não é a do supervisor que quer ver ordem, mas a do pai que quer estar perto: sinal do Bom Pastor, que não abandona o rebanho e tem para todos um sorriso e uma palavra de incentivo”, disse padre Thiago. 

Em seguida, alguns sacerdotes, dentre estes o padre Jorge Corsini, pároco de Barra do Turvo, sacerdote com maior tempo de ministério presente na celebração, e o padre Frei Fabrício Robert Pantaleão, MsS, vigário da Paróquia Nossa Senhora do Rocio, em Iguape, sacerdote com o menor tempo de ministério na diocese (7 dias). 

 

Bênção dos óleos e consagração do Crisma

 Os ritos seguintes foram os da bênção dos óleos dos enfermos e dos catecúmenos e a consagração do Santo Crisma.

O óleo dos enfermos recorda que o óleo produzido pela árvore serve para refazer as forças do corpo humano. Conforme São Tiago, deve ser aplicado nos doentes para que cure as enfermidades do corpo da alma, e dê forças para suportar as dores com fortaleza e conseguir o perdão dos pecados.

O óleo dos catecúmenos é usado no Batismo, a fim de que aqueles que serão batizados possam ter força de renunciar ao demônio e o pecado antes de se aproximarem da fonte da vida, para, então, renascer.

Por fim, Dom Manoel realizou a consagração do Santo Crisma. Pela unção do Crisma, os cristãos são inseridos no Mistério Pascal de Cristo, mortos, sepultados e ressuscitados com Cristo, participando do seu sacerdócio real e profético. Pelo Crisma, recebem a unção do Espírito Santo, como Cristo recebeu.